Como Domme, terminar uma relação D/s é sempre algo que me afeta grandemente, não só pelo finalizar de algo na qual investi tempo, energia, sentimentos, mas porque é frustrante, por exemplo, chegar à conclusão que não cumpri algo ao qual me propus relizar.

Por uma ou outra razão se termina uma relação e para mim o mais impactante é ter que deixar ir alguém com quem tenho uma conexão forte, mas que à partida sei que nunca irei poder desenvolver algo no outro lado e nunca irei deixar voar e fazer brilhar algo que é bastante presente. Seja por vontade própria ou do outro lado é sempre triste terminar algo.

Todos temos os nossos mecanismos ou formas de reagir e de andar para a frente, às vezes é difícil isolar um sentimento de frustração ou mágoa, e apesar de sermos seres Dominantes, somos humanos e como tal temos momentos em que necessitamos de parar, pensar sobre o assunto.

Dar uma volta, falar com alguém chegado que tenha conhecimento da nossa inclusão no mundo BDSM, desabafar com esse alguém faz bem e demonstra força de personalidade. Admitir que não se está bem porque se terminou algo com alguém que nos preenchia grande parte da vida emocional e fisica é um ato de coragem, principalmente para alguém ao qual é esperado força e dominância emocional e psicológica.

Fazer uma introspeção sobre o assunto, escrever ou até pedir ajuda a profissionais da mente é algo que requere coragem. Sim, pessoas Dominantes  também precisam de ajuda psicológica de vez em quando porque para se ter a submissão de outro ser humano nas mãos em termos de BDSM é necessário ter as ideias muito bem resolvidas, os sentimentos colocados no lugar e o passado tratado e arquivado de forma a avançar para a seguinte relação.

E agora? Seguir em frente às vezes é dificil quando os sentimentos ficam e deixou de existir o outro lado para os receber, quando tinhamos alguém para explorar fantasias e todas as práticas faladas e que iriam resultar num mútuo prazer e entretenimento, de uma ou outra forma.

Conhecer pessoas novas é uma solução simples para quem gosta de socializar, mas há que ter calma e não agir com precipitação de querer preencher o vazio que ficou só para não estar sozinho e não se cair numa pseudo relação que vai de certeza acabar rápido e depois faz menos bem a ambas as partes .

Terminar algo é sempre complicado mas devagar se consegue chegar a ultrapassar esse vazio e recuperar a vontade de continuar, evoluir e levantar.

(imagem de Annie Spratt)