Somos seres sociais que vivem em núcleos e grupos diversos que nos completam.
É normal termos diversos grupos de amizades e núcleos sociais satélite na nossa esfera pessoal, e profissional.
O mesmo acontece na comunidade do BDSM.
Se olharmos atentamente, a comunidade de pessoas que praticam bdsm é composta por nós, pessoas kinkys e kinksters e fetichistas, etc. sendo esta ideia transversal.
Tomaremos os nossos grupos sociais baunilha como exemplo…
Temos um grupo de amigos na local de trabalho, temos amizades de infância que nos acompanham desde sempre, tenho um núcleo familiar, e tendencialmente estas pessoas em diferentes grupos não se cruzam.
Naturalmente tendemos a agruparmo-nos por grupo sociais aos quais nos identificamos mais, as nossas ideologias, maneiras de pensar, viver podem ser únicas mas sendo nós seres sociais, precisamos sempre de grupos sociais, certo? Mas por oposição significa que quem não está no nosso núcleo principal, é nosso inimigo?
Somos inimigos?…
O facto de não estarmos no grupo X como núcleo principal, quer dizer que somos rivais? Que somos inimigos e estamos em “guerra”?
Não! Porque haveríamos?
Na vida social, não temos vários núcleos? Grupo familiar, amigos próximos, grupo de colegas, vizinhos, etc… Faz parte, somos seres sociais que tendencialmente precisamos de conviver, socializar.
Não estamos numa sociedade tribal onde os grupos guerreiam por fama, território e dinheiro. Não estamos em batalha quando entramos na comunidade BDSM – na realidade entramos para este meio porque não nos sentimos 100% nós no mundo baunilha e procuramos afinidades num vasto grupo de pessoas que igualmente sentiam o mesmo… Procuramos libertação, liberdade, compreensão e amizade, quando na realidade, a maioria dos kinksters comportam-se como se houvesse um lado, uma tribo, um único grupo que tem que prevalecer e os outros devem ser ‘abatidos’.
Deveríamos ser mais cooperativos e compreensivos para o próximo. É triste reconhecer que a comunidade de BDSM em Portugal, é tudo menos inclusa, compreensiva e ‘amiga’ de iniciantes, de curiosos e novatos.
Deveria haver mais cooperação entre todos, pois ganhávamos todos, deveríamos ajudar mais os outros, pois ajudaríamos a comunidade e se nós fazemos parte dela, seria a longo prazo benéfico para todos inclusive nós mesmo.
Estar na comunidade, não deveria ser uma guerra, uma batalha que se trava constantemente.
Não deveria de gerar ódios a pessoas que nunca se falou ou viu por estar num grupo que não o nosso.
Somos seres sociais que se cruzam e beneficiam pela cooperação social.
Não somos inimigos! Ou somos?